terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Mutum!


Mutum


Bem, o planejado era ficar em pé, no gargarejo, para tirar uma foto do Wagner Moura e talvez dos outros atores de Tropa de Elite, possivelmente para colocar no orkut e de alguma forma receber um reconhecimento do tipo: “Olha, ela tem uma foto com o W.M…, global e tal”. Mas, não foi o que aconteceu.

Franziska, minha amiga mezzo brasileira, mezzo alemã, entrou em contato comigo para que fosse assistir com ela a um filme do festival, “Mutum”, a primeira vez que ouvi o tal nome, estranho por sinal.

Expliquei a ela a história do Wagner Moura, ela não quis atrapalhar a minha programação. Pensei. Só eu mesma para ficar em pé um bom tempo, torcendo por alguns bons ângulos de um ator do qual nem sou fã. Desisti na hora. Iríamos assistir à “Mutum”.

Mutum é a mesma coisa lido de trás para frente, Franziska comentou. Estávamos eu, ela, a amiga brasileira dela e o namorado alemão da amiga brasileira dela. Mal sabia eu que estava prestes a ter a experiência mais doida da minha vida: assistir a um filme em três línguas (ou quatro) de uma vez só.

O áudio era em português, falado em “mineirês” (Mutum é um lugarejo do sertão de Minas Gerais), com legenda em inglês e sendo dublado – ao vivo – por uma moça em alemão. Meu cérebro ficou bem confuso coitado. Tentava ouvir o áudio, mas estava baixo. Aí tentava ler em inglês, mas queria olhar as imagens. O alemão eu sabia que muito provavelmente ficaria para a próxima encarnação...

Mas não foi só isso que fez de Mutum uma experiência marcante.

É um filme em que os atores não são profissionais. Um filme que se passa no sertão. Um filme que é falado em “mineirês”. Um filme que é baseado nas histórias de Guimarães Rosa. E o ator principal, uma criança, é expressivo demais da conta sô! Os olhos, o cabelo, a boca, os gestos, o andar, o sorriso, as lágrimas. Como pode um ator não profissional representar dessa maneira?
Mutum nos oferece a melancolia da vida do sertão, a princípio só vemos tristeza, mas depois ao lembrar das gargalhadas de Thiago, do papagaio, das brincadeiras de criança... Mutum com certeza pode se tornar um lugar mágico, parado no tempo, dono dos sentimentos mais puros: os sentimentos infantis.

Um comentário:

Fran disse...

é a cara do mundo atual. pra dar uma de moderninho e politicamente correto, um festival deste porte opta pela coisa mais non sense e antiprofissional do mundo. entendi que é mágico, mas é tão fora da realidade do festival berlinense, né?